<<A Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Iniciada sua construção no ano de 1163, é dedicada a Maria, Mãe de Jesus Cristo, situa-se na praça Parvis, na pequena ilha Île de la Cité em Paris, França, rodeada pelas águas do Rio Sena. O local da catedral contava, já antes da construção do edifício, com um sólido histórico relativo ao culto religioso. Os celtas teriam aqui celebrado as suas cerimônias onde, mais tarde, os romanos erigiriam um templo de devoção ao deus Júpiter. Em 1965, em consequência de escavações para a construção de um parque subterrâneo na praça da catedral, foram descobertas catacumbas que revelaram ruínas romanas, da catedral merovíngia do século VI e de habitações medievais. Também neste local existiu a primeira igreja do cristianismo de Paris, a Basílica de Saint-Etienne. Em 1160, o bispo Maurice de Sully considera a presente igreja pouco digna dos novos valores e manda-a demolir.
O gótico inicial, com as suas inovações técnicas que permitissem formas até então impossíveis, é a resposta à demanda de um novo conceito de prestígio. Este projeto foi abençoado financeiramente por todas as classes sociais com interesse na criação do símbolo do seu novo poder. A arquitetura gótica é um instrumento poderoso no seio de uma sociedade que vê, no início do século XI, a vida urbana transformar-se a um ritmo acelerado.
A cidade ressurge com uma extrema importância no campo político, no campo econômico (espelho das crescentes relações comerciais), ascendendo também, por seu lado, a burguesia endinheirada e a influência do clero urbano. Assim, e tendo em conta a grandeza do projeto, o programa seguiu velozmente e sem interrupções que pudessem ocorrer por falta de meios econômicos.
A construção inicia-se em 1163 subsistindo ainda dúvidas quando à identidade de quem teria "colocado" a primeira pedra, o Bispo Maurice de Sully ou o Papa Alexandre III. A planta é demarcada pela formação em cruz romana orientada a ocidente, de eixo longitudinal acentuado, e não é perceptível do exterior do edifício visto que, os braços do transepto não excedem a largura da fachada, a cruz está "embebida" no edifício.
Resultado disto foi o novo símbolo da prosperidade citadina, a catedral gótica. E como resposta à procura de uma nova dignidade crescente no seio da França, surge a Catedral de Notre-Dame de Paris.
A fachada principal não só é a de maior impacto e monumentalidade como também a de maior popularidade. A fachada apresenta três níveis horizontais e é ainda dividida em três zonas verticais pelos contrafortes ligeiramente proeminentes que unem em verticalidade os dois pisos inferiores e reforçam os cunhais das duas torres. No primeiro piso localizam-se ao centro o "Portal do Julgamento" tendo de cada lado o "Portal da Virgem" e o "Portal de Ana". A dominar o nível intermédio encontra-se a rosácea de 13 metros de diâmetro ao centro encaixada entre os contrafortes e ladeada por janelas gêmeas. À sua frente surge a estátua da Virgem Maria com o Menino. As duas torres de 69 metros de altura são de influência normanda do século XII, que acabou por permanecer na arquitetura religiosa europeia. A torre sul (do lado do Sena) acolhe o famoso sino de nome "Emmanuel".
As entradas da fachada oeste (detalhe)
Rosácea da fachada frontal (visão externa noturna) e rosácea da fachada do transepto (visão externa e interna diurna)
Todo o esplendor técnico do gótico está ao alcance dos arcobotantes, que fluem da zona superior da parede do coro, onde a impulsão da abóbada para o exterior se concentra, prolongam-se até aos contrafortes, não de forma pesada, mas transmitindo leveza e harmonia. Na catedral existem quase duzentos vitrais, alguns entre os maiores já construídos na História.
O gótico permite a ligação da terra ao céu e, no interior de uma catedral, o crente é impelido à ascensão pela afirmação constante da verticalidade, pela monumentalidade das paredes que parecem erguer-se, deixando por elas filtrar o colorido dos grandes vitrais numa aura etérea. A utilização de tais elementos arquitetônicos numa catedral deve-se mais a um propósito religioso prático que a aspirações artísticas.
Visão interior da nave
Diferentes sinos compõem o patrimônio histórico da catedral e entre eles, encontram se os denominados: Angelique-Françoise, Antoinette-Charlotte, Hyacinthe-Jeanne, Denise-David (na torre do norte) e o Bourdon Emmanuel (na torre do sul). Já houve mais sinos mas com a Revolução Francesa, muitos foram derretidos para a fabricação de canhões. O principal é o Bourdon Emmanuel e também o mais antigo. Seu badalo só ocorre em eventos de grande importância, como visitas do papa, comemorações e funerais presidenciais. Desde a sua instalação, em 1681, o Bourdon Emmanuel tocou apenas 84 vezes. Os sinos da torre norte, instalados desde 1856, badalam a cada 15 minutos ou em eventos históricos, como no fim da Primeira Guerra Mundial ou na libertação de Paris em 1944.
Em 1793, no decorrer da Revolução francesa e sob o Culto da Razão, muitos elementos da catedral foram destruídos e muitos dos seus tesouros roubados, acabando o espaço por servir de armazém para alimentos.
Em 1871, com a curta ascensão da Comuna de Paris, a catedral torna-se novamente pano de fundo de turbulências sociais, durante as quais se crê ter sido quase incendiada.
Ocorreu na catedral em:
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